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quarta-feira, 4 de abril de 2012

M - (8. Fragments)


M
8. Fragments

Opening: Crystal Kay - Konna ni Chikaku de
Pequenos fragmentos de lembranças não são o bastante para repassar os incríveis momentos e inacreditáveis sentimentos. Tudo estava brilhando como os raios do amarelo satélite natural no momento em que o galo vizinho recita a monótona canção.  Era imaginável para a mente de 10 anos de vida que tudo mudaria tão drasticamente.
Um dia na aula de educação física, fomos jogar lá fora, no pátio da escola. Boa parte dos fragmentos de lembranças que possuo da importante época, ocorreram naquele grande pátio que, atualmente, foi reformado tentando apagar minhas lembranças. Nessa aula os meninos jogaram futebol. Sentei na baixa muretinha e observei os habilidosos passos da pessoa que eu dependia emocionalmente. O vento batia silenciosamente e acompanhava os gritos de “Aqui!”, “Passa pra mim!” ou “Marca ele!”. Na verdade, nunca fui fã de futebol, mas se for ver-te jogando, eu poderia passar horas e horas.
- Quer jogar? – Disse ele saindo do jogo suando e sentando ao meu lado.
- Eu não... Vocês são bons demais! – disse batendo no seu ombro.
- Hahaha, sua boba! – Retrucou batendo na minha cabeça.
- Daisuke...
- Oi?
- Você vai ser o que futuramente? – Queria que ele dissesse algo muito fantástico, mas eu sabia que seus sonhos não eram assim como eu pensava – Quero ser uma cantora!
- Você? Hahaha!
- O que foi? E você?
- Eu? Hum... Eu quero ser jogador de futebol! Haha!
Apesar de não ser muito fã, eu o apoiei em meus milhões de pensamentos.
- Eu... Acredito que você será um grande jogador... – Disse eu voz baixa, olhando para o lado oposto e corando.
- O que disse?
- Nada...

Ao final da aula, nos reunimos na frente da escola para esperar nossas respectivas caronas. Brincávamos sempre das mesmas coisas, competição de quem pulava mais longe ou mais alto e outras competições... Daisuke tinha um espírito muito competitivo. Conforme as folhas secas iam caindo numa fração de segundos, íamos trocando palavras infantis rudemente doces. Brincadeiras e comunicação. Talvez foi isso o que mais fortaleceu nossa amizade. Uma arma muito poderosa até mesmo para alguém como eu.
- Ei, vamos ver quem é mais rápido na corrida de cavalo?
- O que esta dizendo Runa? – eu disse – Onde você esta vendo cavalos?
- Ah sim, eu conheço essa brincadeira. Um sobe nas costas do outro e apostam corrida, não é? – respondeu Ariya.
- Isso mesmo! – confirmou Runa.
- Sobe aí Runa. Daisuke, vou apostar com você viu? Não pense que ganhará!
- Ah é? Hahaha, até parece que vu te deixar ganhar! – Daisuke respondeu à Ariya – Sobe aí Shino.
O que? Daisuke ia me carregar de cavalinho? Ao me deparar com isso, já estava em suas costas. Será que eu estava muito pesada?
- Estou muito pesada? – tentei tirar minhas dúvidas.
- Haha, obvio que não! Eu sou muito forte! Haha – Além de competitivo, seu espírito era muito orgulhoso.
E assim, o as fracas cores do céu azul iam escurecendo sem se tornarem fortes, pois marcávamos momentos.

Na outra manhã marcada por bocejos, meus olhos se encontraram com os dele, desviaram em um segundo e voltaram a se encontrar. Era o dia da viajem marcada pela professora.
Preparávamos-nos para ir à Fazenda do Ponhal. Formamos uma fila na entrada interna da escola e todos falavam ao mesmo tempo ao ponto de estressar a professora. Eu e Daisuke continuávamos no “pega-pega-de-cabeça” como sempre. Corríamos tentando disfarçar nossos sorrisos e emoções, desviando das pessoas e de olhares dos professores.
Quando finalmente saímos da escola, fazia frio lá e um vento gelado bateu fazendo a blusa de frio azul dele estremecer. Eu via suas costas distantes no fim do declínio da entrada que se viraram rapidamente e sua face se direcionou a mim.
- Dragão Branco!!! – Gritou com um tom que escondia a alegria.

Quando chegamos à Fazenda do Ponhal fomos guiados por instrutores de lá. Levava-nos para conhecer vários locais da fazenda que era extremamente grande. Assim como Lucy estava com Hatase discutindo, Runa estava com Ariya, e eu não queria atrapalhar o momento romântico dos dois. Fiquei tentando seguir Daisuke sem que ele percebesse, gostaria que ele viesse ao meu lado, mas eu também poderia ia até ele se o orgulho não me atrapalhasse. Também  queria que ele não notasse que eu estava sozinha, todos me viam como uma menina extremamente alegre e Daisuke não era uma exceção, sentiria pena de mim.
Mais tarde, depois do lanche que nos deram, entramos num mini ônibus da fazenda. Ainda não tinha terminado de comer o pão quando todos estavam entrando nele. Quando subi no ônibus, todos os lugares estavam ocupados. Olhei para o lado e Daisuke também estava sem lugar. Me posicionei perto da roleta do cobrador e me apoiei na base de ferro do meu lado deixando um espaço para Daisuke, que vinha ao meu lado.
Assim, passávamos a viagem em pé, um ao lado do outro olhando para as paisagens da janela. Os fragmentos do por do sol manchado de vermelho acompanhava as fortes batidas dos nossos corações. 


Autora: Hotaru Any

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